Os estudantes da Escola Municipal Alberto Francisco Torres, no Centro de Niterói, tiveram uma surpresa especial na manhã desta quinta-feira (05): o ator Nando Cunha, que está em cartaz nos cinemas com “Nosso Sonho”, esteve na escola para uma roda de conversa sobre o filme, que narra a trajetória da dupla Claudinho e Buchecha. O longa entrou na pré-lista do Brasil no Oscar antes mesmo de estrear.

No filme, que os alunos assistiram na última quarta-feira (04), Nando faz o papel do Souza, pai do funkeiro Buchecha. O ator afirmou que a beleza da história contada nas telonas está no fato de que é uma história do povo comum.

“É a história de dois garotos que ousaram sonhar, e para os jovens negros e negras deste país, muitas vezes, não é permitido sonhar. Precisamos viver a luta todos os dias”, transmitiu Nando.

O longa narra a trajetória de Claudinho e Buchecha, desde a infância humilde na cidade vizinha São Gonçalo até a fama nacional e o trágico acidente que eencerrou a carreira da dupla. As cenas ainda revelam como algumas músicas que marcaram gerações foram compostas, entre elas “Só love” e “Quero te encontrar”.

No bate-papo, muitas curiosidades sobre Claudinho e Buchecha também foram relembradas e compartilhadas com os estudantes. As professoras da unidade, juntamente com o Nando, relembraram algumas questões culturais daquela época, onde o funk era uma espécie de ritmo proibido e excluído, mostrando como o filme trabalha essa crítica sociocultural.

Nando Cunha também compartilhou com os estudantes algumas questões relacionadas aos papéis destinados ao negro na teledramaturgia e no cinema.

“É reservado aos negros papéis estereotipados. O negro aparece na tela do cinema, preferencialmente, com uma arma na mão. E isso pode ser estendido à forma como o negro é visto na sociedade. O negro é colocado ou como alguém engraçado ou como alguém violento. Nunca existe meio termo. É uma figura desumanizada”, destacou.

Ao fim, o ator afirmou que é muito importante quando a juventude negra da periferia se reconhece na tela do cinema: “Precisamos naturalizar esses corpos no lugar de protagonistas das produções cinematográficas e teledramatúrgicas. É muito importante esta representatividade”, finalizou.

O estudante Breno Felipe de Almeida, de 11 anos, se emocionou com a visita.

“Eu admiro o Nando por tudo que ele conquistou e aonde chegou. Eu faço rap e, se Deus quiser, vou gravar um álbum e conquistar as coisas que o Nando, e outras pessoas, conquistaram”, contou.

O estudante Kayky André Gomes, de 13 anos, diz que ficou muito emocionado com o filme.

“Estou sentindo muita alegria pela vinda de Nando e por ter a oportunidade de conhecê-lo. Se o Claudinho falou que a história dele ia se tornar um filme, então a minha também pode”, empolgou-se.