Com o tema “O que pode a escola no hospital?”, a Secretaria Municipal de Educação (SME) realizou o I Colóquio de Atendimento Educacional Hospitalar em Niterói. O evento aconteceu no auditório da Secretaria de Ordem Pública, no Barreto, e contou com renomados professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

O colóquio foi organizado e promovido pela Diretoria de Articulação Pedagógica da Subsecretaria de Desenvolvimento Educacional de Niterói, e contou com a participação de especialistas, professores da rede municipal, além de estudantes do curso de Pedagogia. O objetivo foi compartilhar experiências, estimular o debate e dar visibilidade ao trabalho desenvolvido pela Rede Municipal de Niterói, abordando a dimensão político-pedagógica do currículo.

Para o secretário de Educação e presidente da Fundação Municipal de Educação, Bira Marques, dialogar sobre a pedagogia hospitalar é fundamental para o desenvolvimento das crianças que estão em situações mais vulneráveis de saúde e têm seu direito à educação garantido.

“A prioridade é das nossas crianças, o mais importante é o diálogo com elas. Tudo que fazemos na Educação Niterói é em referência à qualidade de vida e da educação dessas crianças. Portanto, nesse momento de vulnerabilidade de saúde, nada mais justo do que oferecer o ensino, a continuidade do processo de aprendizado. O estudante impossibilitado de frequentar a sala de aula por motivos de saúde, não pode ter sua trajetória prejudicada”, explicou.

Criado em 1996, o Programa de Pedagogia Hospitalar de Niterói oferece aulas para estudantes que estão hospitalizados e impossibilitados de frequentar a escola, para que possam dar continuidade ao processo de aprendizagem. Hoje, a iniciativa atende cerca de 295 alunos nos hospitais Universitário Antônio Pedro, no Centro, e no Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, no Fonseca.

“Tenho orgulho de ter iniciado e de ter sido a primeira professora desse projeto. Estamos tendo a oportunidade de rever o trabalho que fizemos, requalificá-lo e nos colocarmos no cenário nacional como uma referência nesse programa. Esse colóquio é um marco histórico, assim como outras políticas educacionais que Niterói está revisitando”, afirmou a subsecretária de Desenvolvimento Educacional de Niterói, Ana Lúcia Schilke.

Pela manhã, os debates abordaram a temática “As questões acerca das políticas de atendimento escolar às crianças em tratamento de saúde”. Estiveram presentes os professores Armando de Castro Cerqueira Arosa (UFRJ), Tyara Carvalho de Oliveira, professora especialista e orientadora educacional da Secretaria Municipal de Educação de Duque de Caxias (RJ), a coordenadora Técnica-Pedagógica do Instituto Helena Antipoff, Fanni Hamphmeis, além da subsecretária Ana Lúcia Schilke.

“Acho importante essa iniciativa da Secretaria de Educação de Niterói de debater um tema tão relevante, que é garantir o atendimento escolar para a criança em tratamento de saúde. É preciso um projeto que pense as atividades adaptadas para o espaço hospitalar e para o tempo de atendimento que a criança permanecer internada”, ressaltou o professor Armando Arosa.

No período da tarde foram realizadas “rodas pensantes” com os temas: “Pedagogia com Bebês – Como pensar e fazer uma pedagogia com os bebês em diferentes espaços educativos?”, “Qual o lugar da morte e do luto em um currículo vivo/da vida na escola?” e “Educação Antirracista, feminista e inspirada na cosmovisão indígena – O que o currículo da escola tem a ver com isso?”.

A professora e técnica de enfermagem Lorellay Rodrigues participou de todas as atividades e fez questão de elogiar a organização do evento.

“Como profissional e mãe de um aluno com deficiência, quero parabenizar a iniciativa. Resolvi participar para conhecer e entender melhor como o projeto tem sido desenvolvido “, disse Lorellay.

O encerramento da programação foi com uma apresentação cultural denominada “Nhomonguetá Posanonga”, que na língua Tupinambá significa “conversa que cura”. Ela foi mediada por indígenas da Universidade Pluriétnica Aldeia Marakanã, que partilharam saberes tradicionais, produção literária e artistica.

“Ainda temos muito que discutir e avançar, pois o atendimento escolar nos hospitais no Brasil ainda apresenta algumas fragilidades que precisam ser vistas com muito cuidado e debatidas com as pessoas que decidem as políticas públicas no país. É preciso envolver o Ministério da Educação e as redes de ensino, no sentido de reconhecer a importância do direito à educação dessas crianças. É preciso dar visibilidade ao serviço e à escolarização das crianças em tratamento de saúde”, concluiu a Coordenadora Do Programa de Pedagogia Escolar da SME, Vivian Padial.