Profissionais da Rede Municipal de Educação de Niterói participaram, na última quarta-feira (23) , da III Jornada de Pluralismo Religioso e Educação. O encontro teve como referência a Lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos ensinos fundamental e médio. O objetivo da Secretaria Municipal de Educação (SME) é fortalecer os sentidos pedagógicos e curriculares na construção de uma Educação Antirracista, e compartilhar projetos desenvolvidos nas escolas municipais que visam combater a intolerância religiosa e reafirmar a o ambiente escolar como um lugar de todos.

A programação teve início no auditório da Fundação Municipal de Educação (FME), com a oficina “A experiência do Encontro”, realizada pelo Ginga, um grupo de pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF), coordenado pela professora Ana Paula Miranda.

“A vida é consenso e ele só é produzido a partir do exercício da conversa. É preciso um diálogo horizontal que traga todas as diferenças e gente dos mais variados perfis: evangélicos, católicos, candomblecistas, ateus e de outras religiões. O que o Ginga faz é trabalhar com os conflitos, e a falta de conversa piora esses conflitos” afirmou Ana Paula.

À tarde, uma palestra realizada no Solar do Jambeiro reuniu os professores Luiz Rufino e Rafael Hadock Lobo em torno do tema “Pluralismo Religioso e Filosofia Popular”.

“Trazer a Educação para o centro do debate implica uma reflexão da nossa história, da nossa sociedade. Precisamos de uma experiência de laços afetivos de amorosidade e de engajamento na luta por uma transformação social”, ressaltou afirmou Rufino.

“Acho fundamental que essa conversa aconteça no lugar onde trabalhamos. O diálogo em torno do combate à intolerância e ao preconceito, seja ele religioso, étnico-racial ou de gênero, é uma oportunidade para se promover encontros de pessoas e trocas de experiências”, acrescentou Rafael.

O encerramento da III Jornada de Pluralismo Religioso e Educação contou com um debate cujo tema foi a “Educação Antirracista: 20 anos da Lei 10.639/2003”. Um dos participantes, o subsecretário de Políticas Educacionais Transversais, Thiago Risso, destacou que a parceria com a UFF tem sido fundamental para a educação de Niterói.

“Não existe conhecimento sem Ciência. A expectativa é que os professores compartilhem as boas práticas relatadas durante a jornada. Só assim vamos conseguir a transformação que a gente acredita e espera: que a Rede de Niterói respeite e valorize a diversidade das nossas das crianças” declarou Thiago.

A Coordenadora de Educação na Diferença da SME, professora Cristiane Gonçalves, pontuou que o trabalho realizado nas unidades tem procurado potencializar uma cultura de respeito ao outro.

“Quando entram na escola, os estudantes não deixam a sua identidade fora dela e a religião é uma forma de identificação. A proposta é contribuir para a formação continuada do professor, afinal, é ele quem vai estar em sala e também dialogando com as famílias”, afirmou Cristiane.