Segunda edição do “História de Niterói” iniciou os trabalhos com aula inaugural do Professor Deivid Antunes (IHGN) no Auditório Darcy Ribeiro

Nesta terça-feira (25), o auditório da Secretaria Municipal de Educação de Niterói sediou a abertura da segunda edição do curso sobre a História de Niterói. O conjunto de palestras é uma ação da Subsecretaria de Políticas Educacionais Transversais, promovido através do Centro de Memória da História e da Literatura Fluminense.

Antes do início da aula, a presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói (IHGN), Matilde Conti, apresentou-se ao público e afirmou estar profundamente emocionada em função do grande público que o curso mais uma vez atraiu.

“Conhecer os aspectos sociais, econômicos e culturais é fundamental para compreendermos a sociedade onde vivemos. Niterói tem uma importância histórica relevante para o engrandecimento do nosso país”, disse.

Para Celedir Caetano, Coordenadora do Centro de Memória da História e da Literatura Fluminense, a aula de abertura foi um sucesso de público e conteúdo.

“O curso “teve 250 inscrições, sendo que na aula inaugural mais de 150 pessoas estiveram presentes. O cidadão niteroiense, que é apaixonado por sua cidade, vê despertar novamente o sentimento de pertencimento às coisas e à cultura de sua própria terra”, declarou.

A primeira palestra foi “Niterói 450: de Arariboia a Capital do Estado do Rio de Janeiro”. O historiador e membro do IHGN, Deivid Antunes, começou sua intervenção abordando questões socioculturais das comunidades indígenas, que habitavam o entorno da Baía de Guanabara no período imediatamente anterior à colonização portuguesa.

Dentre os principais pontos destacados, Deivid ressaltou a importância do conflito entre portugueses e franceses pelo domínio da Baía de Guanabara e o papel do índio Arariboia, da tribo Temiminó, para a vitória dos portugueses na batalha de Uruçu-Mirim, em 1567. Subsequentemente, há a doação de uma sesmaria para Arariboia na “Banda d’Além”, em 1568, com a subsequente fundação da vila de São Lourenço dos Índios, ato administrativo encarado por muitos historiadores como marco de fundação de Niterói. Posteriormente, em 1696, a vila de São João de Caraí é elevada à condição de freguesia pela administração colonial. Finalmente, em 1819, a Vila Real da Praia Grande, no mesmo sítio da antiga vila de São Lourenço dos Índios, aonde atualmente é centro de Niterói, é emancipada por D. João VI, conquistando o direito de fundar sua Câmara Municipal.

Em 1835, no período regencial, a cidade do Rio de Janeiro torna-se Município Neutro, obrigando a Assembleia da Província do Rio de Janeiro a escolher uma nova capital. Lideranças políticas se dividem em relação a qual localidade deveria ser escolhida como nova sede provincial. Os partidários de José Clemente Pereira tinham preferência por Niterói. A facção liderada por José Bernardino Baptista Pereira tinha preferência por Itaboraí, à época um centro de produção açucareira, ainda que decadente. Dada a proximidade geográfica de Niterói com a Corte Imperial, a cidade é escolhida, a despeito de Itaboraí ser a terra de políticos influentes. Gonçalves Ledo, importante maçom e um dos artífices da Independência, e José Joaquim Rodrigues Torres, o Visconde de Itaboraí, um dos líderes máximos do Partido Conservador por duas décadas, eram figuras de estirpe da velha Vila de São Barnabé. Niterói valeu-se, igualmente, da habilidade política de José Clemente Pereira, voz influente nos corredores da Corte. Por 140 anos, Niterói ostentou o título de capital do Estado do Rio de Janeiro.

Ao fim da exposição, o professor Deivid Antunes agradeceu a oportunidade e afirmou que esta é uma formação fundamental para os niteroienses.

“O curso é importantíssimo para reavivar a memória da região metropolitana do Rio de Janeiro. Agradeço também os esforços do Secretário Municipal de Educação, Bira Marques, por ceder o Auditório Darcy Ribeiro para o desenvolvimento da identidade cultural do cidadão niteroiense”, concluiu.